Atrasos de milho observados no posto alfandegário entre Brasil e Paraguai têm sido motivo de preocupação para os players do mercado de proteína animal.
A demora de caminhões, parados em filas de espera por conta da operação de rotina liderada por funcionários da Receita Federal, vem causando prejuízos financeiros e transtornos aos avicultores do Paraná e do restante da região sul do Brasil.
O Brasil, que no momento está colhendo bons resultados com a segunda safra de milho, depende principalmente do mercado externo para o fornecimento de grãos, já que a guerra entre Ucrânia e Rússia favoreceu as vendas externas.
Veja abaixo a comparação do volume total de milho importado nos cinco primeiros meses do ano em 2021 e 2022. Os dados abaixo são do DataLiner.
De acordo com Irineo da Costa Rodrigues, presidente do Sindiavipar, sindicato que representa as indústrias do setor avícola no estado do Paraná, os grãos no Brasil estão sendo cada vez mais redirecionados para a produção e exportação de etanol. “É por isso que contamos com suprimentos do Paraguai”, disse ele.
O milho importado do Paraguai não só alimenta a cadeia produtiva nacional, permitindo que o Brasil ganhe espaço nas exportações, mas também oferece preços reduzidos, permitindo que o setor avícola, atividade econômica que mais consome grãos importados, corte custos de produção e ajude no controle da inflação. Assim, entidades como o Sindiavipar alertam para a necessidade de eliminar gargalos de importação e garantir agilidade no fluxo comercial.
Rodrigues destacou ainda que a lentidão na transferência afetou a confiabilidade do negócio. “Embora o Paraguai esteja colhendo milho e queira firmar contratos com os consumidores, há apreensão em fechar contratos futuros de vendas com o Brasil, já que o país vizinho não tem certeza sobre sua capacidade de movimentar grãos com agilidade. Já ouvimos incidentes de veículos retidos por 12 dias na fila.”
Audiência com o Governo Federal
O Sindiavipar participou de uma série de audiências em Brasília para discutir os atuais obstáculos na alfândega brasileira que causam atrasos no milho.
As reuniões foram realizadas com o ministro da Economia, Paulo Guedes, com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcos Montes, e com o secretário especial da Receita Federal, Julio Cesar Vieira, acompanhado do presidente da Associação do Comércio e Negócios de Foz do Iguaçu, Danilo Vendruscolo, os empresários Mário Camargo e José Marcos Sarabia e o deputado federal Vermelho.
Segundo Rodrigues, a situação causou perplexidade nas autoridades, que prometeram agir. “Eles foram muito atenciosos com a avicultura do Paraná e dos estados do Sul. No entanto, precisamos de agilidade no posto entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este.”
O presidente do Sindiavipar acredita que, com essa audiência, o governo passará a monitorar de perto o fluxo de mercadorias na fronteira. Rodrigues ressalta que é importante ficar atento às facilidades alfandegárias em todo o Brasil, pois postos de fronteira como os do Uruguai e da Argentina passam por dificuldades semelhantes.
“Esperamos ter um impacto bom o suficiente com isso. Esperamos que o governo e os ministérios responsáveis fiquem atentos ao fluxo de commodities na fronteira. O Sindiavipar, como entidade representativa, tem o dever de compreender esses assuntos e apontar possíveis soluções. Foi o que fizemos”, conclui Rodrigues.
Fonte: Canal Rural