O Brasil está negociando com países do Sudeste Asiático e da Europa para abrir novos mercados ou ampliar as exportações para quem já compra produtos agrícolas brasileiros, especialmente carnes. Os exportadores esperam ver alguns resultados destes esforços este ano.

Somente em novembro e dezembro, foram realizadas cerca de 10 auditorias no Brasil por países importadores para aumentar o número de licenças de frigoríficos. Representantes da União Europeia, dos Estados Unidos, da Rússia, da China, de Timor-Leste e do México estiveram no país nos últimos dois meses do ano. As Filipinas e a Coreia do Sul realizaram duas auditorias cada. As avaliações variaram em escopo.

A mais esperada era a da China, principal compradora de carne bovina e suína do país , mas representantes da Rússia e da Coreia do Sul também visitaram indústrias de carne – no caso dos coreanos, em áreas livres de febre aftosa sem vacinação.

O gráfico abaixo compara as exportações conteinerizadas de carne bovina e suína do Brasil para a China entre janeiro de 2019 e novembro de 2023, de acordo com dados obtidos com o DataLiner, serviço de inteligência marítima da Datamar.

Exportações de carne bovina e suína para a China | Janeiro de 2019 – novembro de 2023 | WTMT

“O Brasil tem negociado com diversos mercados, como a própria China. Ainda não sabemos o resultado, mas esperamos que o Brasil consiga ampliar as exportações”, disse Paulo Mustefaga, presidente da Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrafrigo), ao Valor.

Ele lembrou que as autoridades filipinas também empreenderam recentemente uma missão para aumentar o número de frigoríficos brasileiros licenciados para vender naquele mercado. Segundo Mustefaga, também há negociações com a Indonésia para expansão.

Para abrir, ele disse que a Coreia do Sul é alvo do Brasil como grande importador de carne. “O Japão é outro país no radar da carne fresca, mas as negociações ainda precisam se expandir”, disse ele.

Sem definir prazos, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que entre os mercados que poderão se abrir para a carne suína nos próximos anos, os mais promissores são Malásia, Reino Unido, Indonésia e Colômbia.

“Esperamos também ampliar os mercados da Coreia do Sul e do Japão, que só compram produtos de Santa Catarina, que era a única zona livre de febre aftosa do país. Agora, Paraná, Rio Grande do Sul e Acre também atendem a essa condição”, disse Ricardo Santin, presidente da entidade.

No caso do frango, a ABPA destaca as negociações com El Salvador e Guatemala, bem como com os países da Comunidade do Caribe. Para os ovos, Reino Unido, Singapura e Rússia são os destaques.

Ainda segundo a ABPA, a expectativa é que as autoridades da União Europeia aprovem o sistema de “pré-listagem” dos frigoríficos brasileiros – quando a qualificação não depende de novo pedido do importador e é aprovada pelos técnicos do governo nacional.

Técnicos europeus realizaram inspeções no Brasil em 2023. Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, revelou que espera que as restrições às exportações brasileiras de aves para a UE sejam suspensas nos primeiros meses deste ano. O comércio está restringido desde 2017 devido à eclosão da Operação Carne Fraca, que investigou mais de trinta empresas acusadas de adulterar a carne que vendiam nos mercados nacionais e internacionais.

“Temos que esperar um pouco para que o relatório final seja elaborado e enviado, mas a nossa impressão é que a fiscalização foi muito boa e que poderemos retomar as exportações sem qualquer tipo de restrição. A expectativa é enorme e muito positiva de que nos dois primeiros meses do ano o relatório seja finalizado e o Brasil seja informado da possibilidade de aumentar as exportações sem as restrições que estavam em vigor”, disse Perosa em recente entrevista coletiva. conferência.

Também estão em andamento processos para aumentar os embarques de produtos agrícolas brasileiros para países das Américas. Só em 2023, quase metade das aberturas de mercado serão para os vizinhos do continente.

O crescimento acelerado da economia mexicana, por exemplo, e as recentes aberturas para embarque de carne bovina e suína do Brasil para lá, já promoveram um salto nas relações comerciais bilaterais. As exportações de café brasileiro para o México mais que quadruplicaram, para 22.700 toneladas métricas, entre janeiro e novembro de 2023. A receita dessas vendas aumentou de US$ 17 milhões para US$ 70 milhões. “Temos um forte foco nesses dois eixos, que são as Américas e a Ásia”, acrescentou Perosa.

Ao longo de 2023, foram abertos 78 novos mercados em 39 países, considerando todos os produtos do agronegócio brasileiro.

Fonte: Valor Econômico

🚢 Compartilhar é cuidar!

Quer ficar mais informado?

Cadastre seu e-mail, para receber notícias semanais.