Departamento de Comércio dos Estados Unidos (USTR na sigla em inglês) incluiu todos os produtos manufaturados que levam aço ou alumínio sob a Seção 232 do Ato de Expansão Comercial, que permite tarifas específicas para promover a segurança nacional dos EUA. Isso significa que os produtos brasileiros exportados vão pagar a mesma tarifa que os do resto do mundo. A informação foi dada na quinta-feira pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, em entrevista concedida à jornalista Miriam Leitão, na GloboNews.
Até agora, aço e alumínio estavam sendo taxados em 50%. Agora, o USTR incluiu também os produtos derivados de aço ou alumínio, que utilizam esses metais em sua constituição. Dessa forma, o Brasil, que estava perdendo competitividade nesses produtos, passa a ter a mesma alíquota que todos os outros países concorrentes, que também serão taxados em 50%. A decisão vale, inclusive, para máquinas agrícolas, itens bastante exportados pelo Brasil para os Estados Unidos.
Segundo o vice-presidente, a medida significa que cerca de US$ 2,6 bilhões em exportações brasileiras para os EUA voltam a ganhar competitividade. “Não vamos desistir. Vamos continuar negociando permanentemente”, disse Alckmin, embora tenha admitido que a última conversa direta com o secretário de comércio americano, Howard Lutnick, tenha ocorrido há algumas semanas. “Mas os técnicos continuam trabalhando, e um pouco mais que isso, temos diálogo pelos canais institucionais”, afirmou.
Sobre a investigação da seção 301 contra o Brasil, o vice-presidente destacou que o processo permite a apresentação de defesa, o que foi feito nesta semana, e que assim se estabelece um diálogo entre os dois países. “Isso já aconteceu antes no passado e acabou arquivado”, ressaltou.
Em relação às exigências de Donald Trump em relação ao processo contra Jair Bolsonaro, o vice-presidente disse que não se pode misturar questões econômicas e políticas e, sem citar o deputado Eduardo Bolsonaro, voltou a responsabilizá-lo pelo tarifaço. “Infelizmente, alguns maus brasileiros ficam lá fora trabalhando contra o Brasil. Prejudicando a economia, as empresas e os trabalhadores brasileiros”.
Questionado sobre o estresse no mercado financeiro, especialmente entre os bancos, com a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, em relação à ineficácia da Lei Magnitsky no Brasil, Alckmin procurou minimizar a questão. “O Brasil é um país soberano. Isso vai passar e logo o mercado vai retomar a normalidade. Acredito que isso para por aqui”, disse, descartando uma possível escalada nas sanções contra autoridades brasileiras.
Fonte: Datamarnews