Exportação de café cai 27% no Brasil em julho, mas receita cresce antes do tarifaço de Trump

Relatório divulgado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que o País embarcou 2,733 milhões de sacas de 60 kg do produto em julho, primeiro mês do ano safra 2025/26. O total significa uma queda de 27,6% na comparação com o mesmo mês de 2024. Já a receita cambial foi recorde para meses de julho, com o ingresso de US$ 1,033 bilhão, crescimento de 10,4% no comparativo anual.

No acumulado dos sete primeiros meses de 2025, a exportação de café do Brasil recuou 21,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, com os embarques caindo de 28,182 milhões de sacas para 22,150 milhões. A receita, por sua vez, cresceu 36% ante o obtido entre janeiro e julho de 2024, alcançando o recorde para o período, de US$ 8,555 bilhões.

“Uma redução nos embarques já era aguardada neste ano, uma vez que tivemos exportações recordes em 2024. Estamos com estoques reduzidos e uma safra sem excedentes, com o potencial produtivo total impactado pelo clima. No que se refere à receita cambial, ainda surfamos a onda dos elevados preços no mercado internacional, que reflete o apertado equilíbrio entre oferta e demanda ou mesmo um leve déficit na disponibilidade”, explica Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.

Portos
O Porto de Santos continua como o principal exportador dos cafés do Brasil em 2025, com o embarque de 17,809 milhões de sacas e representatividade de 80,4% nos sete primeiros meses do ano. Na sequência, vêm o complexo portuário do Rio de Janeiro, que responde por 15,5% ao enviar 3,429 milhões de sacas ao exterior, e o Porto de Paranaguá (PR), que exportou 208.950 sacas e tem representatividade de 0,9%

Os Estados Unidos seguem como o maior comprador dos cafés do Brasil no acumulado dos sete primeiros meses de 2025, com a importação de 3,713 milhões de sacas, o que corresponde a 16,8% dos embarques totais, apesar de apresentar declínio de 17,9% na comparação com o adquirido entre janeiro e julho de 2024.

“Até julho, não observamos de fato o impacto do tarifaço de 50% do governo dos Estados Unidos imposto para a importação dos cafés do Brasil, já que a vigência da medida começou em 6 de agosto”, explica Ferreira.

Segundo ele, a partir de agora, as indústrias americanas estão em compasso de espera. “Pois possuem estoque por 30 a 60 dias, o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento. Porém, o que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor”, comenta.

Confira abaixo um histórico das exportações de café em grão para os Estados Unidos a partir de janeiro de 2022. O gráfico foi elaborado com dados do DataLiner:

Exportações Brasileiras de Café em Grãos para os Estados Unidos | Jan 2022 a Jun 2025 | TEU

 

Tipos do produto
Nos primeiros sete meses de 2025, o café arábica foi a espécie mais exportada pelo Brasil, com o envio de 17,940 milhões de sacas ao exterior. Esse montante equivale a 81% do total, ainda que implique queda de 13,3% frente a idêntico intervalo antecedente. O segmento do café solúvel veio na sequência, com embarques equivalentes a 2,229 milhões de sacas (10,1% do total), seguido pela espécie canéfora (conilon + robusta), com 1,949 milhão de sacas (8,8%), e pelo setor industrial de café torrado e torrado e moído, com 31.755 sacas (0,1%). Os cafés que têm certificados de práticas sustentáveis ou qualidade superior responderam por 21,5% das exportações totais brasileiras entre janeiro e julho de 2025, com a remessa de 4,759 milhões de sacas ao exterior. Esse volume é 8,8% inferior ao aferido no acumulado dos primeiros sete meses do ano passado.

Ações
O Cecafé afirma continuar o trabalho para alcançar, junto ao governo brasileiro, aos pares do setor privado norte-americano e a outros canais pertinentes nos Estados Unidos, o entendimento para que os cafés do Brasil entrem na lista de isenção do tarifaço, uma vez que o produto não é cultivado em escala no país parceiro.

“E por desempenhar papel fundamental na economia dos EUA, na satisfação dos consumidores locais e pelo fato de os dois países possuírem uma relação de interdependência, com o Brasil sendo o maior produtor e exportador mundial e o líder no fornecimento de café ao país do Hemisfério Norte, e os Estados Unidos ocupando o posto de maior importador e consumidor global, além de principal destino do produto brasileiro”, afirma, em nota, o Cecafé.

Para o presidente da entidade, não se pode sacrificar uma relação comercial construída em favor da cafeicultura. “Nossa história é muito maior do que o momento que estamos vivendo e, com pragmatismo e diplomacia, devemos negociar em favor dos dois lados. Ao longo da história do crescimento da economia brasileira, o café sempre esteve à frente de seu tempo, não somente em números, mas desempenhando um papel social”, diz ele.

Fonte: Datamarnews

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