Condições climáticas ruins interromperam a navegação por mais de 160 horas

Por causa da neblina e de outras condições climáticas adversas que impediram a navegação com segurança, o número de horas em que o canal do Porto de Santos ficou fechado este ano já é mais do que o dobro de todo o ano de 2023.

A soma de interrupções ficou em 161 horas e 30 minutos, segundo dados informados pela Autoridade Portuária de Santos (APS) até agosto. O total nos oito primeiros meses de 2024 é 101,6% maior do que todo o ano passado, quando foram 80 horas de fechamento.

O mês passado foi maior da série histórica (últimos quatro anos de registro): 116 horas e 35 minutos – quase o triplo do registrado no período de janeiro a julho deste ano (44 horas e 55 minutos). Vale lembrar que neste mês de setembro, embora ainda no início, já foram mais de 30 horas de interrupções.

Apesar dos números impressionantes proporcionados pelo clima, a Autoridade Portuária de Santos informou, em nota, que as operações de cargas no Porto de Santos transcorrem sem impactos significativos em termos de prejuízos financeiros.

“Em que pese o fato do fechamento do canal de navegação, por conta da neblina, ser um impacto negativo, o Porto de Santos tem demonstrado sua resiliência com as recorrentes quebras de recordes de movimentação de carga, que ocorrem, também, no mês de agosto de 2024, buscando balancear a necessária eficiência logística com a segurança operacional”, acrescenta o texto.

Levando em conta os dados fechados últimos anos, apenas 2022 havia passado das 100 horas de fechamento: foram 132 horas e 55 minutos sem a entrada e saída de navios por conta da baixa visibilidade causada pela neblina ou condições ruins do mar.

“Não há porto no mundo onde se opera navegação em águas restritas, como Santos, com visibilidade zero. Contudo, há alguns casos em que o prático iniciou a navegação sob condições normais e foi, no trajeto, alcançado pela neblina. Todos concluíram seu arriscado trabalho, felizmente, com êxito, mas sob grande risco”, comenta o presidente da Praticagem de São Paulo, Fábio Mello Fontes.

A APS disse que deve acompanhar estudos de outros órgãos a respeito do fenômeno. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) é um deles.

Acima da normalidade
O meteorologista Guilherme Borges, do Instituto Climatempo, credita a constância de neblina e nevoeiro aos vários períodos de temperatura acima da normalidade, sem incluir as seguidas queimadas em diversos pontos do estado de São Paulo.

“O inverno teve períodos muito quentes e o escoamento do ar mais quente da região central brasileira sobre a água mais gelada do oceano favorece a ocorrência de neblina e nevoeiro. Se a gente colocar na balança esses eventos de calor mais presentes, como estão acontecendo hoje, são devido à mudança climática. Ela tem um papel, porque esses períodos de temperatura acima da normalidade não eram tão frequentes assim”, detalha.
Fonte – A Tribuna

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