Os ajustes no projeto do túnel imerso Santos-Guarujá, que resultaram na republicação do documento na última terça-feira (10), atendem a sugestões de empresas internacionais e garantirão o sucesso do leilão, marcado para 5 de setembro. A explicação foi dada nesta sexta-feira (13) pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em Santos, durante solenidade em homenagem aos 262 anos de nascimento de José Bonifácio de Andrada e Silva, no Centro de Santos.
As mudanças elevaram o custo da obra de R$ 5,96 bilhões para R$ 6,8 bilhões. A licitação internacional, na modalidade de parceria público-privada (PPP), dará ao futuro vencedor um contrato de 30 anos para construção, operação e manutenção do túnel.
“Por se tratar de um projeto de grande porte, a gente fez os estudos e submetemos aos grandes players globais que fazem esse tipo de operação para verificar a adequação. Muitas melhorias foram sugeridas na fase de contribuição. Então, em 5 de setembro, a gente vai conhecer o consórcio que vai executar essa obra, para que a gente possa assinar o contrato e, no ano que vem, iniciar esse empreendimento”, disse o governador.
Segundo o Estado, o novo edital torna a concessão mais atrativa ao setor privado, oferecendo garantias de previsibilidade, equilíbrio econômico-financeiro e segurança jurídica. Foram revistos custos relevantes — como concreto, dragagem e paredes diafragma — e a reavaliação da distância média de transporte, agora considerada em 85 km. Também acabaram atualizadas as projeções de tráfego.
Outras mudanças incluem a criação de uma conta desapropriação, ajustes nos critérios de alocação de riscos — especialmente geológicos e de interferências — e soluções provisórias para o cais de Outeirinhos e o pátio ferroviário no Guarujá, que garantirão o funcionamento da infraestrutura portuária e logística durante a execução das obras.
O túnel
Com 1,5 quilômetro de extensão — sendo 870 metros sob o canal do estuário —, o túnel contará com três faixas por sentido, sendo duas para veículos de passeio, ônibus e caminhões e uma exclusiva para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de galeria para pedestres e ciclistas.
Atualmente, a ligação entre Santos e Guarujá é feita por balsas e catraias, que transportam mais de 21 mil veículos, 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres por dia. A estimativa é de geração de cerca de 9 mil empregos diretos e indiretos com a obra.
Restrições para Tecon Santos 10 são criticadas
Questionado sobre a concessão do Tecon Santos 10, o governador declarou que é contra a restrição na licitação do terminal de contêineres que proíbe a participação de operadores com ativos no Porto de Santos, determinado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). “Não faz sentido justificar a questão da competitividade e determinar quem pode participar”.
Ele argumentou que “a hinterlândia do Tecon Santos 10 é a costa brasileira, porque o ativo será o hub da movimentação de contêineres do Atlântico Sul”, essencial na logística integrada entre os portos paulistas. “Um grande player da navegação poderá ver um cluster que vai conjugar Santos e São Sebastião, onde Santos será o porto de longo curso e São Sebastião, o ‘feeder’ para a cabotagem. Quando você restringe a competição, afasta esse tipo de operação, o que é danoso ao Estado de São Paulo. Então, você tira da competição a Maersk, a Santos Brasil e a DP World, que são os maiores players. Isso não faz sentido”, disse. “O melhor é realizar um leilão com ampla competição. É bom para Santos, para São Paulo e para o Brasil”, enfatizou Tarcísio.
O Tecon Santos 10 ocupará uma área de 621,9 mil metros quadrados (m<MD+>2) no cais do Saboó, na Margem Direita do Porto de Santos. O investimento previsto é R$ 6,45 bilhões e a capacidade operacional de 3,25 milhões de TEU (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) ao ano, além de 91 mil toneladas de carga geral.
O prazo do contrato é de 25 anos, com início da vigência previsto para 2026 e término em 2050. No entanto, ele pode ser prorrogado sucessivas vezes até o limite de 70 anos.
Obra da terceira pista é projetada para o ano que vem
Também nesta sexta-feira, Tarcísio de Freitas projetou o início das obras da terceira pista da Rodovia dos Imigrantes para o segundo semestre de 2026. A elaboração dos projetos básico e executivo está a cargo da Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI). A obra tem investimento estimado em aproximadamente R$ 6 bilhões e deverá ser concluída em 2031.
“Estamos em fase desenvolvimento de projetos, o básico e o executivo. A gente deve obter as licenças todas até o meio do ano que vem, que é o prazo de conclusão dos projetos. A partir do segundo semestre, teremos condições de iniciar a obra”, afirmou o governador.
Com 21,5 quilômetros de extensão, a futura pista é composta prioritariamente por túneis, que somam 17 quilômetros (80% de todo trajeto), além de 4 quilômetros de viadutos. Um dos túneis terá cerca de seis quilômetros de extensão, tornando-se a maior estrutura desse tipo no Brasil.
A pista conectará o Planalto à Baixada Santista a partir do km 43 da Imigrantes (SP-160), permitindo o acesso pelo Rodoanel Mario Covas (SP-021). Na Baixada, a conexão será no km 265 da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055), próximo ao Polo de Cubatão. A inclinação média da via será de 4%, possibilitando o tráfego seguro de veículos pesados.
“É um investimento de grande porte que vai aumentar muito a capacidade desse sistema que faz a ligação Planalto-Baixada. A capacidade para veículos pesados vai subir em mais de 140%”, ressaltou.
Fonte:Datamarnews