Apesar das eleições presidenciais serem o tema quente do momento no Brasil já que, de acordo com os últimos resultados eleitorais, o país terá um segundo turno disputado por Lula, que recebeu 48% dos votos, e Bolsonaro, com 43%, o O país está lentamente voltando sua atenção para a economia internacional – sem perder de vista a próxima Copa do Mundo. Crises em várias regiões do mundo estão fazendo com que o frete marítimo entre em queda livre.

Dados divulgados recentemente pela DataLiner mostram que, em agosto, as exportações brasileiras via contêineres caíram 7,8% em relação ao mesmo mês de 2021. Nos primeiros oito meses de 2022, as exportações caíram 3,5%.

Veja abaixo um gráfico comparativo de exportação para os primeiros oito meses do ano de 2019 a 2022. Os dados são do DataLiner:

Em relação às importações, apesar do desempenho positivo em agosto em relação ao ano anterior (+16,2%), devido à chegada de cargas que estavam retidas na China devido a bloqueios e fechamentos de portos, a movimentação anual também caiu. : -8,9% de janeiro a agosto de 2022 em relação ao mesmo período de 2021.

O gráfico abaixo, baseado em dados do DataLiner, mostra uma comparação das importações brasileiras via contêineres de janeiro a agosto nos últimos quatro anos:

Essa diminuição no volume se refletiu na queda no frete marítimo. De acordo com Platts, as taxas spot de contêineres continuaram caindo durante a semana encerrada em 23 de setembro. Os efeitos da retração da demanda do consumidor e do aumento da inflação tomaram conta do mercado de varejo, diminuindo a demanda de importação.

Na América do Sul, os níveis de frete marítimo continuaram a se deteriorar, espelhando os do mercado norte-americano. A rota PCR31 – Norte da Ásia-Costa Leste da América do Sul – caiu US$ 200 durante a semana e ficou em US$ 5.800/FEU.

“As taxas asiáticas para o Brasil estão derretendo”, disse um despachante brasileiro à Platts.

De fato, as taxas de contêiner refletem a atual crise de alta inflação, menor demanda do consumidor e menos investimento em todo o mundo. Profissionais do setor esperam que o mercado global desacelere ainda mais ao longo do ano, com as taxas de frete marítimo possivelmente voltando aos níveis pré-pandemia.

Além disso, a utilização da capacidade dos navios também diminuiu devido à inflação – e os gargalos nas principais rotas comerciais melhoraram. De acordo com Platts, tradicionalmente, as velas em branco costumam cair nessa época do ano, pois os volumes de carga costumam ser altos. No entanto, a fraca demanda este ano está incentivando as operadoras a pular mais chamadas para sustentar as tarifas e manter os navios cheios.

Comércio com os EUA, Europa e Rússia

Os dados do DataLiner mostram uma redução nos volumes embarcados para grandes destinos como Estados Unidos e Inglaterra, que estão entre os principais parceiros comerciais do Brasil.

Os embarques para os Estados Unidos, por exemplo, caíram 6,13% durante janeiro e agosto de 2022 em relação ao mesmo período do ano anterior. Vale destacar que o mercado norte-americano vem enfrentando sua própria crise inflacionária, que vem afetando a disposição da população para consumir e, consequentemente, importar.

Veja abaixo o histórico das exportações brasileiras de contêineres para os Estados Unidos no período correspondente de janeiro a agosto nos últimos quatro anos. Os dados são do DataLiner.

Na Europa, os embarques brasileiros para vários países sofreram redução. O volume exportado para a Europa, por exemplo, caiu 6,8%. A queda nas exportações para a Inglaterra, por outro lado, foi um pouco menor: -5,6%. Vale ressaltar que o continente enfrenta problemas com o abastecimento de gás russo, que deve se tornar um fator prejudicial para a economia europeia a partir de agora, principalmente em períodos de queda das temperaturas.

Paralelamente, no Reino Unido, espera-se que greves sobrepostas em dois dos maiores portos da Grã-Bretanha, Liverpool e Felixstowe, causem interrupções nas cadeias de suprimentos da região. Greves resultarão em atrasos de carga e as transportadoras provavelmente pularão as escalas nos portos afetados, desviando a carga para portos próximos no Reino Unido e na UE. Tal configuração poderia aumentar os custos de transporte e intensificar o congestionamento em portos europeus congestionados.

Quanto à Rússia, uma diminuição nos embarques não é surpresa, dada a guerra que o país está travando contra a Ucrânia e as sanções impostas por várias empresas (incluindo as marítimas) como medida de retaliação. As exportações brasileiras via contêineres para o país caíram 58,9% nos primeiros oito meses de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado. Veja mais abaixo:

Perspectivas futuras 

A economia global deverá estagnar nos próximos meses. De acordo com um barômetro divulgado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), a demanda global por produtos exportados diminuiu consideravelmente. Para a OMC, a persistência da guerra na Ucrânia, as pressões inflacionárias e o esperado aumento das taxas de juros nas economias desenvolvidas continuarão a desencadear incertezas no comércio global.

Compartilhar é se importar!

Quer ficar informado?

Cadastre seu e-mail, para receber notícias semanais.